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Fred Forest - Retrospective
Sociologic art - Aesthetic of communication
Exhibition Generative art - November, 2000
Exhibition Biennale 3000 - Sao Paulo - 2006
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DIFFERENT TEXTS
1 - Synthetisis note on the activities of Fred Forest
2 - Manifests Sociological Art (1974) and Aesthetics of the Communication (1983)
3 - The Aesthetics of the Communication by Fred Forest (1983)
4 - For an Aesthetics of Communication - Fred Forest
5 - The Video family by Fred Forest (1976)
6 - Learn to watch TV through the radio by Fred Forest and Pierre Moeglin (1984)   
7 - Why present his candidacy for President of the Bulgarian TV by Fred Forest (1991)

 

YVES KLEIN E FRED FOREST AVENTUREIROS DO IMATERIAL (trecho)

Pierre Restany

Paris, novembro de 1994)

Crítico de arte

Ao termo de um percurso de 25 anos, e que tomei gosto à seguir ab ovo, para assim dizer, a minha reflexão sobre imenso o trabalho realizado por Fred Forest toma uma dimensão cada vez mais profunda, estrutural, exemplar. Fred Forest, apareceu no panorama do questionamento artístico no momento em que a Europa e a América do Norte, o Ocidente industrializado, vivia a sua grande crise estrutural, ou seja, em Maio de 68. Sabemos muito bem hoje em dia que Maio de 68 não era uma simples crise da juventude no que diz respeito à sua cultura e a forma como lhe comunicava-se esta cultura, mas o sintoma premonitório de uma mudança radical da sociedade e do sistema de produção. É nesse momento que a comunicação mudou de finalidade, ou adquiriu uma nova consciência do seu território, de sua autonomia, de sua virtude crítica et da sua virtude de despertar a atenção, no que diz respeito à sociedade em geral, no que diz respeito ao público de maneira mais ampla. O papel da comunicação e de seus instrumentos, dos seus meios tecnológicos, teve uma função capital e determinante nesta passagem de uma sociedade industrial moderna à sociedade pós-industrial pós-moderna.

A intervenção de Fred Forest é precisamente contemporânea dessa aceleração da história das mídias. E é aliás por um fenômeno puro e simples de apropriação que ele embarca nessa aventura da arte sociológica. Ele se tornou um pioneiro da vídeo-arte na França, e o domínio deste meio extremamente flexível lhe permite intervir em grupos sociais diferentes. Muito rapidamente, dado o interesse crescente que a sociedade em transição dá ao tecido social como um todo e nos seus pontos extremos, a reflexão ativa de Fred Forest se fará sobre a natureza mesmo do meio social, da sua estrutura, e é nesse momento, no fim de toda uma série de contatos e pesquisas, pois as ideias estavam no ar no início dos anos 70, que se forma o Colectivo de arte sociológica.

Fred Forest ressalta um problema e é nisso exemplar. É certamente o artista que soube detectar, no momento exato em que esses problemas se apresentaram, a importância da comunicação, não como uma série de sistemas destinados a apreender o real, mas como um volume, um território autônomo onde a auto-expressividade se normaliza ao contato de outros participantes numa mesma situação social. E creio, de fato, que é para Fred Forest a ocasião constante, incessantemente renovada, de manifestar a sua normalidade na indiferença. Pois Fred Forest é duplamente indiferente, ou seja radicalmente diferente... Ele o é em relação aos artistas ditos "clássicos" que continuam a pintar sobre o cavalete, por exemplo, empregando os óleos adequados, as cores correspondentes, e é também diferente/indiferente em relação aos puros e simples especialistas da informação. Esta normalidade na diferença, ela se caracteriza pela, o que me parece ser a maior qualidade de Fred Forest, sua abordagem do humano. Há em todos os dispositivos de intervenções, em todas suas simulações do real, uma dimensão fundamental do humano que o situa numa mesma distancia entre o artista e o especialista da comunicação. A aventura de Fred Forest se faz nesse registro do humano. De um humano que atingimos por diversos meios técnicos tomados dos modos de comunicação mas que não teriam nenhum sentido se eles fossem somente destinados à gravar tal ou tal situação. A humanidade em Fred Forest é interativa. Ela corresponde à uma necessidade, à um desejo extremamente forte de fazer participar as pessoas à operação. Ela corresponde também à um certo tipo de humanismo da maioria que é baseado na dignidade, no amor do homem. E creio que a melhor prova deste humanismo afetivo é precisamente a resposta do público aos questionamentos, às estimulações de Fred Forest. Todos esses dispositivos de intervenção foram acolhidos de maneira positiva e criam uma simpática corrente de adesão em massa, sem reservas. A repercussão do dispositivo de Fred Forest não é comparável com a da maior parte dos sistemas de comunicação, como aliás de muitas outras mensagens artísticas. É aí onde intervem mais uma vez o paradoxo espaço-tempo, o verdadeiro território artístico de Fred Forest é o espaço-tempo do esquecimento. Basta se referir à sua bibliografia para se dar conta quais foram as repercussões de cada uma de suas ações e Deus sabe que são várias. E ao mesmo tempo, as pessoas têm de Fred Forest uma imagem muito esquemática, como quem frequentemente não iria até o fim das coisas. Ele é uma espécie de aventureiro que explora as margens opostas e antagônicas da comunicação, publicidade, jornalismo e uma experimentação artística. Creio simplesmente que este paradoxo é o efeito de uma lógica interna do trabalho de Fred Forest. De fato, ele segue a lógica das duas margens. Brinca sem reservas e, mais uma vez, com a manifestação que ele tem deste amor do homem, pois o que conta para Fred Forest é, creio, estar em harmonia com ele mesmo e sobretudo considerar que a seu procedimento não é gratuito, que não tem por finalidade tal ou tal memória, ou tal ou tal gravação, mas que a sua finalidade é precisamente operar neste suplemento de alma na ação humana que provoca a brusca interrupção do tempo que é o resultado da sua intervenção. Este amor do homem que ele encontra no tempo presente é permanente nas suas acções. E pode se dizer que Fred Forest é um esteticista da comunicação, é precisamente por referência a um princípio ativo de humanismo de massa. A noção de uma comunicação cuja diferença é normalizada pelo amor do homem sublima o estilo de Fred Forest: ela se revelará cada vez mais capital a medida que mudaremos de cultura, de civilização com o nosso novo projeto de sociedade pós-industrial. É provável que as transferências entre o escrito e a memória e os da tela e do esquecimento mudarão sem dúvida de orientação, forma e dosagem. Na perspectiva cada vez mais fluida da comunicação pós-moderna, Fred Forest fará ainda figura de pioneiro na medida em que soube se adaptar a tempo.Yves Klein havia previsto a grande aventura do imaterial e ele mesmo tinha se aventurado no vazio. O vazio de Klein é o vazio de uma verdade alquímica que também é ligeiramente mais verdadeira que natural. No meio do vazio, neste vazio cheio que é o do cosmos e o do espaço intersidéral, o da fundação do universo, neste vazio, Yves Klein tinha o habito de dizer "há um fogo que brilha e um fogo que queima". Esta metáfora poderia ser aplicável também ao grande aventureiro da comunicação que é Fred Forest. Ele sabe que no coração do vazio imaterial da comunicação, há um fogo que brilha, é o do tempo presente da intervenção, e há um fogo que queima, é o esquecimento. Eu acredito pessoalmente, com uma grande esperança, no trabalho de Fred Forest, na medida em que penso que a segunda fase do seu trabalho e de sua reflexão, a sua estética da comunicação leva a um humanismo de massa fundamental que é a chave de nossa própria salvação terrestre e cósmica.

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