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A BIENAL 3000 DE SAO PAULO
ENTRA EM CONCORRENCIA DIRETA COM A BIENAL OFICIAL DE SAO PAULO
BEM-VINDO
AO BIENAL 3000
http://www.biennale3000saopaulo.org/
A derrota do Brasil na última copa do mundo deixou um
gosto amargo, talvez de cólera, no coração de todos que amam este país.
O próprio presidente Lula deixou-se levar a fazer
colocações duras em relação àqueles que considera responsáveis por uma
catástrofe que muitos julgam nacional.
O esporte de fato contribui tanto quanto a política para o prestígio de uma nação.
O esporte, a cultura e a arte são igualmente vetores de influência não
negligenciáveis. O Brasil, com a próxima Bienal de São Paulo, joga uma carta
decisiva para recuperar o brilho de um país em pleno desenvolvimento que merece
um papel no plano internacional. O que já sabemos de sua preparação? Tudo
começou mal há menos de um ano. Com ninguém disposto para assumir a presidência
da Bienal, eu mesmo, apoiado por um bom número de artistas brasileiros,
apresento a minha candidatura. É preciso ver nesta iniciativa mais do que uma
ironia, mas propostas sérias em resposta a uma necessidade de democratização da
arte. Uma democratização da arte e de suas estruturas, tradicionais e da elite,
em um país onde o Presidente vem de classes populares. Estruturas esclerosadas,
gangrenadas, falta de ética, a especulação e manipulações de todos os tipos.
Situação insustentável a longo termo com um cortejo de falsos valores gerados
por um mercado internacional cujas figuras emblemáticas têm o nome de Jeff
Koons et Damien Hirst
O Brasil tem coisa melhor para fazer com sua expressão política ancorada nas
camadas populares profundas do que seguir literalmente de um modo servil as
ordens do mercado, ditados por Wall Street, via os grandes colecionadores.
Com o início do 3o milênio e a refundação de valores que se inicia, o Brasil,
mais do que qualquer outro país, é chamado a ter um papel motriz na mudança
civilizatória que se apresenta, e cujos sinais se multiplicam com a crise
econômica e moral que se espalha no mundo.
Depois do futebol, quais as chances da 29a Bienal para esta renovação?
A Bienal 3000 propões uma solução adaptada à nossa época
http://www.biennale3000saopaulo.org
Mas a crítica mais forte que podemos fazer a esta 29a Bienal é de,
deliberadamente, ficar paralisada em formas expositivas e estruturas
organizacionais ultrapassadas, se julgamos pelas transformações drásticas pelas
quais passam o mundo.
Basta olhar para os lados para constatar o impacto das técnicas e das ciências
na vida de cada um de nós, e quanto, mesmo no cotidiano, nossa vida mudou
radicalmente pela generalização e pela miniatuzização dos meios de comunicação.
É o que Vilem Flusser, um visionário, junto com alguns artistas dos anos 70, já
havia ressaltado e analisado.
Eu aposto que os objetos expostos nesta bienal serão representativos apenas de
um passado, tanto no dispositivo utilizado, quanto na função. E que eles não
traduzirão as formas de vida que se tornaram as nossas e cujas utilizações diversas
da Internet são apenas um exemplo entre tantos outros. E isto se alastra para o
social, o médico, o trabalho, às férias, a economia, à gestão do conhecimento e
vários outros campos.
Sempre de modo antecipatório, já em 1975 eu havia proposto para a 13a Bienal de
Sao Paulo a Bienal do ano 2000...
Em 2006, para a 27a Bienal eu propus a Lisette Lagnado, sem sucesso, uma Bienal
alternativa a ser realizada na Internet, chamada Bienal 3000.
Em 2008, para a 28a Bienal eu propus a Ivo Mesquita a Bienal do ano 3000. Uma
bienal online de fato representativa de nosso tempo. Ciente de que a
perseverança só se paga no longo prazo, este ano eu proponho uma Bienal 3000
repaginada e operacional que já recebeu trabalhos de mais de 3000
participantes...
CONCEPT
Uma Bienal democrática sem curador, onde a
participação livre e as redes sociais respondem às aspirações, à orientação e
às tendëncias mais atuais. Uma Bienal sem o peso político-administrativo das
grandes máquinas institucionais e econômicas. Uma bienal sem orçamento
definido, autogerida pelos próprios artistas. Uma bienal que requer a ética de
uma nova socioedade. Sociedade na qual a arte tem um papel de regulação crítica
em relação ao arbitrário dos poderes de todos os tipos. Uma bienal, enfim, que
pratica a transparência, em contraponto aos compromissos e especulações do
mercado.
Torne-se, individualmente, um propagandista de seu próprio sucesso onde a
comunicação viral demonstrará que os artistas e os homens e mulheres de boa
vontade são capazes de revirar os poderes abusivos para instaurar uma sociedade
melhor. ^ |